sábado, 12 de setembro de 2009

Entrevista a Hélder Oliveira


Depois da entrevista a Guerlain Chicherit e Filipe Campos o “MaisTT” continua a comemorar o 1º aniversário com mais uma entrevista, desta feita a Hélder Oliveira, piloto que disputou este ano a Taça do Mundo, com a equipa Tecnosport, onde foi o 5º classificado.

Hélder Oliveira é natural de Barcelos e nasceu a 23 de Setembro de 1975. O piloto tem já dois títulos no seu palmarés, 1 campeonato nacional de T1 e 1 campeonato ibérico da mesma categoria, conquistados ambos no mesmo ano.


Há algum tempo que te vemos correr no TT nacional, há quanto tempo ao certo andas nestas "andanças"? E com que idade iniciaste e porquê?
A minha primeira experiência na competição TT foi em 1993, mal fiz 18 anos. Tirei logo a licença desportiva e fiz a Baja de Portalegre de moto. Nos automóveis, a minha primeira prova foi em 1995 como navegador do meu pai. Para o volante apenas passei em 1998. A minha iniciação no TT deve-se muito à influência do meu pai porque ele já praticava há muito tempo. Desde os 11 anos que eu e a minha família participávamos em passeios de todo-o-terreno turístico.


Os teus planos para este ano passavam pela taça do Mundo e terminaste o campeonato na 5ª posição, achas que os objectivos foram cumpridos?
No início do ano, tínhamos optado pelo T2 mas durante a época várias situações fizeram-nos mudar para o T1. A prova em Abu Dabhi não correu da melhor forma e não conseguimos marcar pontos. Por outro lado, um contratempo profissional não me permitiu estar à partida da Tunísia. Desta forma, era matematicamente impossível vencer a Taça do Mundo, pelo que resolvemos, juntamente com a Tecnosport, participar no Transibérico com um carro mais competitivo.
Penso que o 5º lugar final acabou por ser um resultado muito positivo.


Actualmente ocupas também a 2ª posição no troféu Ibérico de Todo-o-Terreno. Vais lutar por este título?
Infelizmente não tenho condições para o fazer. Não temos orçamento para nos deslocar à próxima prova em Espanha (também não estivemos em Aragon) e ainda não está confirmada a presença em Portalegre.


Começamo-nos a aproximar do final do ano. Já tens alguma coisa definida para a época de 2010? Esses planos passam pelo regresso ao CPTT?
Neste momento ainda não temos nada definido. A actual prioridade é tentar angariar o orçamento necessário para participar no Dakar Argentina-Chile com o Pathfinder da Tecnosport. Mas não está fácil. Faltam-nos cerca de 30% do orçamento e o tempo urge…


Há alguma possibilidade de trocares o "Dakar" pelo AfricaRace? Se é que os teus planos passam por algum dos dois?
A Tecnosport optou claramente pelo Dakar o que obviamente influenciou a minha decisão. No entanto, eu também penso que uma eventual participação nesta prova me permitirá dar mais retorno aos patrocinadores.


A taça do mundo já te levou a participar em provas em todo o Mundo. De que provas mais gostaste, e aquelas que mais te marcaram?
As provas da Taça do Mundo são bastante diferentes umas das outras. Sem considerar o Dakar, que não faz parte desse campeonato, e ao nível das provas de grande extensão, a minha prova preferida em África é a Tunísia. A variedade dos pisos que encontramos faz com que seja uma excelente preparação para quem ambiciona participar no Dakar. Ao nível das provas mais pequenas, tipo Baja, sem dúvida que o nosso Transibérico é a minha preferida e a melhor organizada.


Nas últimas provas em que tens participado, tens utilizado o Nissan Pathfinder da Tecnosport. O ano de 2010 passa por este carro ou é altura de dar mais um salto?

O que eu gostaria mesmo era conseguir reunir as condições para disputar o CPTT, com o objectivo de lutar pelo título. Mas, em alternativa, um programa internacional com o Pathfinder também me agradaria.


Qual foi o carro que mais gostaste de pilotar? Porquê?
O Pathfinder 4.0 da Tecnosport. Essencialmente devido ao comportamento do carro, visto ter sido o único carro com chassis tubular e suspensão independente às quatros rodas que conduzi até hoje.


Como não posso deixar de perguntar, qual a tua opinião sobre este novo "Dakar" na América do Sul?
Na minha opinião, o verdadeiro Dakar terá sempre que ser em África. No entanto, penso que ao longo da prova na Argentina e no Chile os concorrentes contactaram com paisagens fabulosas. Ao nível organizativo, parece-me que o primeiro ano correu bastante mal pelo que a ASO terá que fazer várias alterações em 2010.


De todas as provas portuguesas qual a que já te fez mais feliz como piloto, e porquê?
O Transibérico foi a prova que mais satisfação me trouxe até agora. Nas últimas 3 edições fui 6º, 4º e, este ano, 2º classificado da geral, numa prova da Taça do Mundo onde estão normalmente envolvidas mais do que uma equipa oficial. Este ano, o resultado foi ainda mais fantástico por ter sido o primeiro português.


Para finalizar gostaríamos que nos contasses uma historia mais feliz ou caricata na tua vida como piloto.
A situação mais caricata que me recordo aconteceu nas 24 Horas de Fronteira, no ano em que participei com o Nissan Patrol GR da Promotech, juntamente com o Santos Godinho e com o Marco Tempestini. Tinha chovido muito e as passagens de água estavam bastante cheias. Quando terminei um dos meus turnos de condução, tinha “pescado” na grelha da frente do carro um peixe!!!

MaisTT - Luís Marques e Manuel Cordeiro