quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Entrevista a Nuno Matos


O “MaisTT” tem vindo a evoluir dia após
dia e estamos plenamente satisfeitos com o nosso trabalho e queremos agradecer a todos os que nos têm apoiado e ajudado. Já ultrapassámos as 1500 visitas e pensamos que estamos no bom caminho para fazer ainda mais e melhor.
Como já tínhamos referido quando este projecto se iniciou, o “MaisTT” “prometeu” começar com entrevistas a alguns pilotos e navegadores. Para isso quem melhor do que Nuno Matos, actual Bi-Campeão Nacional do agrupamento T8, para ser o nosso primeiro “convidado”!?

Nuno Matos é um piloto natural de
Portalegre que se estreou no Todo-o-Terreno em 2003 na Baja de Portalegre e que se tem vindo a destacar no campeonato. Na época passado tornou-se campeão Nacional de T8, feito que repetiu também este ano em Beja. O piloto conduz actualmente um Nissan Terrano II e é habitualmente acompanhado por Jaime Cortes.

O “Mais TT” decid
iu então ir “ao encontro” do piloto:

De onde vem a tua paixão pelo Todo-o-Terreno?
Dizer que sou de Portalegre praticamente responde a essa pergunta. Desde a primeira edição que acompanho a Baja Portalegre 500, na altura ainda criança, depois na adolescência aguardava com ansiedade o fim-de-semana da Baja, inclusivamente faltava às aulas na 6ª feira para ir de bicicleta ver o prólogo. Enfim, desde esses tempos que sonhava um dia poder também eu participar na prova. Existe em Portalegre e nos portalegrenses uma enorme paixão pelo TT, e eu, não fujo à regra.

Qual é o balanço que fazes da tua ca
rreira como piloto?
Comecei em 2003 e, até 2006 apenas disputava a Baja Portalegre. Consegui nesses anos um 17º à Geral vencendo a classe, depois um 1º e um 2º no T8.

Nestes dois últimos anos é que disputei todo o Campeonato e o balanço é o mais positivo possível: dois anos, dois títulos. Desejar mais é impossível.

Soubemos que começaste no “banco do lado d
ireito”. O que é que te fez “saltar” para o volante e qual a sensação?
Sim, é verdade. Entrei no TT na altura como co-piloto do meu irmão Pedro. Disputámos os 3 anos do Troféu Terrano II e, depois de extinto o troféu, apenas participávamos em 2 a 3 provas por ano. Em 2003, o meu irmão, por razões profissionais, não pode estar presente, e foi já bem e cima da hora que soube que ia ter a minha oportunidade. Infelizmente desisti nesse ano, mas o “bichinho” e o prazer de conduzir em competição ficou, desde aí que tudo tenho feito para poder continuar a correr.

Qual das provas no Todo-o-Terreno nacional te dá mais gozo fazer? Porquê?

Por razões óbvias, a Baja Portalegre 500. Em primeiro porque corro “em casa”, mas tenho certeza que esta é também a escolha de muitos outros pilotos. O “Portalegre” é a prova mais antiga, mais carismática, mais imprevisível, mais participada, mais bem organizada, com mais público e com as melhores e mais variadas pistas do Campeonato. Apenas trocaria o primeiro Sector Selectivo pelo Sector Selectivo de Mora do Rali Transibérico para a tornar absolutamente perfeita.

Este ano mudaste para um carro mais evoluído. Quais os aspectos positivos e negativos do novo carro?

Não é fácil encontrar aspectos negativos. A escolha deste Terrano II foi uma decisão muito difícil. No inicio da época vi e testei muitos outros carros, quase todos eles, mais rápidos e
nem por isso mais caros, mas decidi-me pelo Terrano II ex-João Cruz, desenvolvido pela MRacing, porque tinha dado enormes provas de fiabilidade e também porque praticamente todas as soluções técnicas são herdadas de carros do dia-a-dia da Nissan. Sabia que esta era a única forma de poder fazer uma época regular e com um custo relativamente baixo mas, ainda assim, desenvolvemos bastante o carro, principalmente ao nível das suspensões. Hoje tenho a certeza que fiz a melhor opção. Não é o mais rápido carro no T8, mas consegui cumprir o objectivo de vencer provas e ser campeão, com um orçamento que não foi, com toda a certeza, o mais alto de entre todos os que disputaram o campeonato T8 connosco este ano.

Quais os planos para 2009?

Estou já neste momento a trabalhar no projecto para 2009. Decidido que estou a não fazer mais uma época em T8, o objectivo passa por tentar subir mais um degrau e montar um projecto em T2. Estaremos dependentes da vontade dos nossos patrocinadores e dos
apoios que consigamos reunir. Uma época em T2 exige um orçamento muito mais elevado que em T8, mas espero e acredito que o bom trabalho que penso termos feito até aqui, nos trará a possibilidade de viabilizar mais esta etapa.

Qual é o teu carro de sonho no Todo-o-Terreno?
O meu carro de sonho é o carro com que gostava de poder correr no próximo ano: a Isuzu D-Max T2. Mesmo que pudesse, dificilmente escolheria outro carro, pois tenho ainda muito a aprender e ex
periência a ganhar na modalidade e não acho que se devam “queimar” etapas. Por isso, o sonho para já, é esse: poder disputar o campeonato T2 ao volante de uma D-Max.

O Todo-o-Terreno nacional atravessa uma crise. O que achas que está mal? O que mudarias?
A palavra crise é mu
ito usada, não só no TT mas em quase tudo no nosso país.
É verdade que estes não serão os anos de ouro do TT em Portugal, até porque a alteração da fiscalidade sobre os veículos todo-o-terreno trouxe dificuldades à modalidade. Ainda assim, é unânime que continuamos a ter o melhor cam
peonato do mundo. Os portugueses gostam de TT e as nossas provas continuam a “arrastar” muito público e, por isso, não alinho no discurso derrotista que tudo está mal e com tendência a piorar. O país e o mundo atravessam um período mais difícil do qual o TT, obviamente, não consegue escapar ileso, mas acredito que com o empenho de pilotos, clubes organizadores e FPAK continuaremos a melhorar o nosso campeonato e a envolver cada vez mais gente na nossa disciplina.


Queres agradecer a alguém em especial?

Sim, quero aproveitar esta oportunidade para agradecer a muitas pessoas, porque todas foram determinantes na obtenção deste título. Em primeiro lugar agradecer o a
poio que a minha família e amigos me dispensam, em particular ao meu irmão sem o qual todo este “sonho” jamais se teria tornado realidade. Ao Jaime, meu co-piloto, para além do amigo que sempre foi, é hoje também um elo determinante na obtenção dos nossos resultados. Uma palavra ainda para todos os que connosco disputaram este campeonato: sem a sua réplica, este título não teria o mesmo sabor. Agradeço também a carolice e amizade do João, do Jorge, do Manuel e do Orlando que são os quatro responsáveis mais directos pela “saúde” do nosso Terrano II, e também às pessoas que com maior ou menor visibilidade nos ajudaram ao longo da época - esses saberão que falo para eles. Por último, aos nossos patrocinadores, em especial à Cetelem, Interdoces, Lubripor e Fedima: obrigado pela confiança que depositaram em nós e no nosso projecto, e é por isso, e porque sem essa decisiva ajuda nada disto seria possível, que lhes dedico este título.